A molecada sobe o morro sem parar A pipa avisa que a polícia vai chegar É correria e gritaria na porta do barraco É melhor começar a rezar E o pedido é simples, a prece é fácil Que deus proteja aquele barraco E se não for pedir demais (Meu Deus!) Que traga meu filho em paz Para pra pensar Para pra pensar um pouco comigo Para pra pensar Para pra pensar no meu raciocínio Mal sabe ela que ele não vai voltar E na favela foi o primeiro atirar Autoridade grita: - encosta neguinho! E o moleque com medo, com medo tentou revidar Foram três tiros e três gemidos Foi um de susto, um de morte, um pressentido Foi o PM que tentou se defender Daquele filho, que a mãe acaba de perder Será que agora você vai acreditar Nesse papo de novela de manchete popular Nessa coisa rotulada que não param de falar É merda da mesmice da moral que o povo sempre dá Moral de muitos, mas não de todos Moral que funciona na base do troco É a mesma história de quem tem pode comprar E quem não tem, parado não pode ficar Parado sofre, parado pobre E a grana fácil, chega com luta e sorte Se ninguém te dá chance moleque neguinho A favela sempre vai te dar Para pra pensar Para pra pensar um pouco comigo Para pra pensar Para pra pensar no meu raciocínio