Vou inaugurar Meu canturi de primeiro Feito a ave cantadeira Mais terrível do sertão Que quando faz arrelia A passarada silencia Pois não tem ave Maria Quem lhe faça frente não E esta febre perdedeira Já me cumpre obrigação. Sou o cantador de verso Mais funesto das estrada Até mesmo com o tinhoso Labutei nua encruzilhada Só a carranca do bicho Deixou minha língua travada Apelei pra Jesus Cristo O cão bateu em retirada E até hoje anda vagando Tal qual fosse alma penada. É que derna a meninice Que eu vivo de vadiar Sapateando nesta cordas Dia e noite sem parar E enquanto houver freguesia Na aba do meu chapéu Vou temperar minha viola Pra cumprir o meu papel Até ser chegada a hora Deste velho tabaréu. Prepare o seu coração pra escutar Que eu temperei meu gogó pra cantar. E pra acabar de vez Com essa conversa afiada Vou mostrar como se deixa Uma nação apaixonada Dou um sopapo na viola Que ela grita, berra e chora Santo Deus, Nossa Senhora Nas horas do violeiro Melhor que minha cantoria Só as palma de um brasileiro. Alias um cantador da minha linha Num carece ostentar valentia não Pois até difunto arrepia Quando pia meu violão.