Tenho meu burrão de aço Todo prazer eu desfruto Quando eu tô no lombo dele Eu entro em qualquer reduto Toda raia que ele corre Sempre é absoluto Com ele eu faço folgado Meia légua em dois minuto Pra passar no rio bufando Não preciso de viaduto Jogo o burro no barranco Só o barulho da água escuto Fico em pé em riba dele E vou pitando charuto Meu burrão vira torpedo Do outro lado eu saio enxuto Disputei uma carreira Com o tal de Benevenuto Ele correu de automóvel Carro novo e bom produto Eu fui no burrão de aço Na certeza irresoluto Cheguei no fim da carreira Dando poeira no bruto Nem por cinquenta cavalo Meu burrão eu não permuto Quem quiser que venha ver No sítio deste matuto Se um dia ele morrer Sou capaz de vestir luto Porque sei que meu burrão Não vai ter substituto