Entre os rios e os caminhos de terra Entre os picos e as curvas dos montes Entre os raios cortantes do sol no horizonte Entre as teias de ruas estreitas Entre as ruínas de prédios gigantes Entre o que resta da lua E seus raios brilhantes O vento bate e corta devagar Soprando leve o concreto desgastado Enquanto todos fingem entender Que o vento sopra pra nenhum lugar Olhares atentos nas ruas eu vi Os rostos suados secados ao ar Entre olhares estranhos E um estranho sou eu Passos e tropeços no próprio caminho Meias conversas e sorrisos sozinhos Um brilho distante eu vi Bem no meio dessa selva de pedra Pensei que a vida fosse preto e branco Sem tons no meio pra pintar um arco-íris Em busca da paleta mais perfeita Me esqueci que as cores dependem dos olhos Somos os ventos que beijam os rostos Somos os ventos que movem as dunas Somos os ventos que sopram os barcos e desejos Pensei que fôssemos folhas ao vento Sem ideias pra levar a algum lugar Mas somos braços fortes, incansáveis E já sabemos onde nós vamos chegar