Vai um pala cor de noite Por cima das vestes pobres De homem que reflete O extinguir-se dos cobres. Nas águas remos e rumos Nos olhos há pressas calmas O medo flui e percorre Os labirintos da Alma. Uma líquida quietude Se faz constante parceira Sobre a linha imaginária Que dimensiona as fronteiras Neste ofício de segredo O percurso é sempre mudo Se o silêncio se dissipa A guarda some com tudo. E às vezes tempestivas Surgem sementes letais Prenhes de dor e de sangue Por chuvas horizontais. Se a barca for descoberta É a morte nas corredeiras Em um corpo que agoniza Só pela cor das bandeiras. O aquartelar-se nas sombras Revela quando desfeito Duas moedas no bolso E grãos de chumbo no peito.