Naquele estradão deserto, uma boiada descia Pras bandas do Araguaia pra fazer a travessia O capataz era um velho com muita sabedoria As ordens eram severas, e a peonada obedecia O ponteiro moço novo, muito desembaraçado Mas era a primeira viagem que fazia nestes lados Não conhecia os tormentos do Araguaia afamado Não sabia que as piranhas era um perigo danado Ao chegarem na barranca disse o velho boiadeiro Derrubamos um boi n'água deu a ordem ao ponteiro Enquanto as piranhas comem, temos que passar ligeiro Toque logo este boi velho que vale pouco dinheiro Era um boi de aspa grande já ruído pelos anos O coitado não sabia do seu destino tirano Sangrado por ferroadas no Araguaia foi entrando As piranhas vieram loucas e o boi foram devorando Enquanto o pobre boi velho ia sendo devorado A boiada foi nadando e saiu do outro lado Naquelas verdes pastagens tudo estava sossegado Disse o velho ao ponteiro, pode ficar descansado O ponteiro revoltado disse que barbaridade Sacrificar um boi velho pra que esta crueldade Respondeu o boiadeiro aprenda esta verdade Que Jesus também morreu pra salvar a humanidade