Sérgio Reis

Estrada Velha (part. Oswaldir e Carlos Magrão)

Sérgio Reis


Estrada velha pelo tempo esburacada
Velha herança retratada
Da lida que longe vai
Por tantas vezes eu passei tocando gado
Em caminhos orvalhados
Ao lado do velho pai

Estrada velha ladeada de barrancos
Hoje os meus cabelos brancos
Só recordam com carinho
Até parece que eu ouço a todo instante
O repique de um berrante
Vindo lá do zé chiquinho

Ê, boi, ei, ah!
Caminha lento passo a passo pela estrada
Ê, boi, ei, ah!
Quanta saudade do aboio da peonada

Estrada velha, hoje eu tava me lembrando
Do meu pai só trabalhando
Pra poder me ajudar
Querido velho, meu herói, meu estradeiro
Vendia porco e carneiro
Pra poder eu estudar

Estrada velha, só me resta do passado
O teu leito empoeirado
Tão cansado de esperar
Ouvir de novo o berrantear de um boiadeiro
Pra chamar os companheiros
Que não podem mais voltar

Estrada velha, companheira do sertão
Eu deixei meu caldeirão
Pra ir embora pra cidade
Mesmo com fome por aqui eu já passei
Muita lama já enfrentei
Mas é grande esta saudade

Estrada velha, ainda sou o seu menino
Que seguiu o seu destino
Pra poder crescer na vida
Da minha história, eu estava me lembrando
Não contive e fui chorando
Nos braços de mãe querida

Estrada velha, o meu pai já foi embora
Para onde qualquer hora
Eu também tenho que ir
Mas vou deixar por testamento um só pedido
Como um derradeiro abrigo
Tua terra a me cobrir

Estrada velha, meu pedaço de lembrança
Me perdoe a insegurança
Desta lagrima que cai
Não tenho muito pra deixar na despedida
Mas te deixo a minha vida
E a lembrança do meu pai

Ê, boi, ei, ah!
Caminha lento passo a passo pela estrada
Ê, boi, ei, ah!
Quanta saudade do aboio da peonada