Na melancolia da grande cidade O que ameniza o meu dissabor É a doce lembrança da simplicidade Dos meus conterrâneos aos quais tenho amor E hoje sentindo o peso da idade Levando no peito um mundo de dor Vou perambulando pro sul ou pro norte Quem sabe chegando à casa da morte Mas penso que antes mereça a sorte De ainda rever o meu interior As moças usavam cabelos de tranças Que hoje em dia não vejo iguais Os casais de velhos de falas tão mansas Nas Festas de Reis, em Minas Gerais Congadas, catiras, trucadas e danças Na bisa cheirosa dos buritizais A vida de hoje vai se transformando As coisas tão lindas que estou recordando Na noite dos tempos estão se apagando Daqui a alguns anos não existem mais Eu fui a criança sem vocabulário Que acreditava em Papai Noel A deusa que cuida do itinerário Jogou-me na torre da grande Babel E hoje escrevendo da vida o diário Cantando eu sinto tristeza cruel Não nego que sou estimado onde moro Mas um velho sonho à Deus eu imploro Andar abraçado com quem eu adoro Nos campos amados de Coromandel