Sérgio Reis

Boiadeiro Sem Boiada

Sérgio Reis


Falado:

Esta é a historia de um velho boiadeiro
Que começou desde cedo a trabalhar com boiada;
Era seu mundo cavalgar estrada afora
Sem respeitar dia e hora e sem tempo de parar.
Nas patas do seu cavalo tinha asas do vento
E a força de seu braço, a força do pensamento.
Porem, hoje já cansado, sentindo-se abandonado
Segue sozinho na estrada, pois a idade lhe traiu
E de repente se viu boiadeiro sem boiada.

Cantado:

Boiadeiro sem boiada
Sem partida e nem chegada carrega o peso da idade;
Cavalgando sem destino
Porque não é mais menino sente a dor de uma saudade.
Do tempo em que foi criança
E trabalhava na estância ajudando a rapaziada -,
E com eles foi peão
Aprendendo a profissão da xucra lida da estrada.

Quando escuta lá distante
O repique de uma berrante seus olhos pegam a chorar
Pois seu corpo ainda é forte
Sente que nem mesmo a morte é capaz de sufocar.
O gosto de ser peão
E seguir a profissão sem ver o fim da jornada -
Porem não tem condição
Porque está em outras mãos as rédeas dessa boiada.

Boiadeiro, o tempo curto
E domar cavalo xucro às vezes encurta mais -
Não é qualquer moço forte
Que vai ter a sua sorte por isso volte pra trás.
Você tem obrigação
De mostrar com precisão a quem ficar no seu posto - .
O que se aprende com a idade
Ensine o que você sabe e apague o tempo do rosto.