Sérgio Reis

Lá No Pé da Serra (Pout-porri)

Sérgio Reis


Fiz uma casinha branca lá no pé da serra pra nós dois morá
Fica perto da barranca, do rio Paraná
O lugar é uma beleza eu tenho certeza você vai gostar
Fiz uma capela, bem do lado da janela prá nós dois rezá
Quando for dia de festa você veste o seu vestido de algodão
Quebro o meu chapéu na testa, para arrematar as coisas do leilão
Satisfeito vou levar você de braço dado atrás da procissão
Vou com meu terno riscado, uma flor do lado e meu chapéu na mão

Enquanto esse velho trem
Atravessa o Pantanal
As estrelas do cruzeiro
Fazem um sinal
De que esse é o melhor caminho
Pra quem é como eu
Mais um fugitivo da guerra

Enquanto esse velho trem
Atravessa o Pantanal
O povo lá em casa
Espera que eu mande um postal
Dizendo que estou muito bem e vivo
Rumo a Santa Cruz de la Sierra

Lá vai a chalana
Bem longe se vai
Riscando o remanso
Do Rio Paraguai
Oh! Chalana sem querer
Tu aumentas minha dor
Nessas águas tão serenas
Vai levando o meu amor
E assim ela se foi
Nem de mim se despediu
A chalana ai sumindo
Lá na curva do rio
E se ela vai magoada
Eu bem sei tem razão
Fui ingrato, eu feri
O seu pobre coração

Lembrança
Por que não foges de mim
Ajude a arrancar do peito
Essa dor
Afaste do meu pensamento
E o seu
Por que vamos reviver
Este amor?
Amando nós parecemos iguais
Eu tenho o meu lar
E ela também
É triste ser prisioneiro
E sofrer
Sabendo que a liberdade
Não vem
Vai lembrança, não volte mais
Pra acalmar os meus ais
Neste dilema de dor
Vai, para bem longe de mim
Não posso viver assim
Devo esquecer esse amor