Estimado ouvinte já que agora estou consigo Peço apenas dois minutos de atenção É pra contar a história de um amigo Casimiro baltazar da conceição O casimiro talvez você não conheça A aldeia donde ele vinha nem vem no mapa Mas lá no burgo por incrível que pareça Era mais famoso que no vaticano o papa O casimiro era assim como um vidente Tinha um olho mesmo no meio da testa Isto para lá dos outros dois é evidente Por isso façamos que ia dormir a sesta Ficava de olho aberto Via as coisas de perto Que é uma maneira de melhor pensar Via o que estava mal E como é natural Tentava sempre não se deixar enganar E dizia ele com os seus botões Cuidado casimiro Cuidado com as imitações Cuidado minha gente Cuidado justamente com as imitações Lá na aldeia havia um homem que mandava Toda a gente um por um pôr-se na bicha E votar nele e se votassem lá lhes dava Um bacalhau um pão-de-ló uma salsicha E prometeu que construía um hospital Uma escola e prédios de habitação E uma capela maior que uma catedral Pelo menos a julgar pela descrição Mas o casimiro que era fino de ouvido Tinha as orelhas equipadas com radar Ouvia o tipo muito sério e comedido Mas lá por dentro com o rabinho a dar a dar E punha o ouvido atento Via as coisas por dentro Que é uma maneira de melhor pensar Via o que estava mal E como é natural Tentava sempre não se deixar enganar E dizia ele com os seus botões Cuidado casimiro ... Ora o tal tipo que mandava lá na aldeia Estava doido já se vê com o casimiro De cada vez que sorria à plateia Lá se lhe viam os dentes de vampiro De forma que para comprar o casimiro Em vez do insulto do boicote ou da ameaça Disse-lhe "sabe que no fundo o admiro Vou erguer-lhe uma estátua aqui na praça" Mas o casimiro que era tudo menos burro E tinha um nariz que parecia um elefante Sentiu logo que aquilo cheirava a esturro Ser honesto não é só ser bem-falante A moral deste conto Vou resumi-la e pronto Cada qual faz o que melhor pensar Não é preciso ser Casimiro para ter Sempre cuidado para não se deixar levar Cuidado casimiro ...