Estou velho! Dói-me o joelho Dói-me parte do antebraço Dói-me a parte interna De uma perna E parte amiga Da barriga Que fadiga O que é que eu faço? Escolho o baço ou o almoço? Vira o osso Dói o pescoço É do excesso Do ex-sexo Alvoroço Reboliço Perco o viço Já soluço Já sobroço Esmiúço Os meus sintomas E já agora, do meu médico Os diplomas Esmiúço A consciência E já agora, apresento a penitência Ah que estou arrependido De ter feito e de ter tido Ai coração, ora seja Como a que ouvi na igreja Mea culpa, mea culpa Minha máxima desculpa É ter vindo p´ro presente Conservado em aguardente Quero ser p'ra sempre jovem As minhas células movem Uma campanha eficaz Água benta e água-raz O elixir da eterna juventude Esse que quer que tudo mude P'ra que tudo fique igual Estava marado Falsificado É desleal! Vou implorar aos apóstolos Mas é pior, que desgosto-os Com tanto pecado junto Não lhes pega nem o unto Vou recorrer aos meus santos Esses, ao menos, são tantos Que há-de haver um que me acuda Senão ainda tenho o buda Maomé vai à montanha O papa, ninguém o apanha Na rússia, o rato rói a rolha Venha o diabo e escolha O elixir da eterna juventude Esse que quer que tudo mude P'ra que tudo fique igual Estava marado Falsificado É desleal! Misticismo agora à parte Envelhecer é uma arte "arte-nova", "arte-final" Numa luta desigual Só me vou pôr de joelhos Ante o mais velho dos velhos E perguntar-lhes o segredo De p'ra ele inda ser cedo Quando o espelho me mira Já nem o chapéu me tira Deito-lhe a língua de for a Pisco o olho e vou-me embora O elixir da eterna juventude Esse que quer que tudo mude P'ra que tudo fique igual Estava marado Falsificado É desleal!