Não vás contar que mudei a fechadura nem revelar que reclamei dos teus aneis o amor dura, se durar, enquanto dura e o vento voa à procura dos papéis O vento passa à procura dum engano e quando encontra presa fácil na cidade bate à janela, e redemoínha, e causa dano naquilo que é suposto ser nossa vontade Já de manhã, vai parecer tudo tão diferente não é do vinho, nem do sono, ou do café é só que o olho por olho, dente por dente nos deixa o rosto assemelhado ao que não é Não vás contar-lhes desse abraço derradeiro nem que mudei a fechadura mal saíste quero o teu rosto devolvido por inteiro o desse dia em que me vi no que tu viste Não vás tomar à letra aquilo que te disse quando te disse que o amor é relativo se o relativo fosse coisa que se visse não era amor o porque morro e o porque vivo