O que era pra ser apenas sorrisos e palavras Transformou-se em afeição e fixação Descobri que a saudade que eu sentia do que senti Era tamanha mas não infinita Foi quando me iludi com minha maturidade A carência enfraqueceu a razão E eu não quis enxergar A paixão e o sofrimento de mãos dadas Controlei teus gestos, olhares e falas Mas não o vício de pensar em você Enquanto atuei com a discrição e a distração Compliquei a vida em nome do presente Enquanto alimentei a chama perigosa Anulei a culpa em nome do passado Enquanto esperei a febre passar Hesitei me confessar em nome do futuro A imaginação então foi compensando A falta do que eu queria e não tinha Minha boca na tua era meu pequeno sonho Que eu achava que me bastava Até a hora em que você me aparecia Com tanto do que sempre ignorei E prestando atenção me diverti Tanto que eu até me esqueci Que meu mundo não cabia no seu Então me lembrei de como era aquela dor Não te evitei, não te procurei Não te magoei, nem te perdoei Porque o medo angustiado e o respeito envergonhado Sufocaram a minha entrega Não me desculpei, não te consolei Não me decepcionei, nem te amei Porque a nossa história só aconteceu No meu faz de conta Ninguém poderá me acusar Ninguém saberá me julgar Ninguém precisará me condenar Porque já paguei pelos acertos e erros que não cometi Me consola saber que no futuro Não terei cartas, fotos, presentes pra lembrar Que no meu vazio com a minha indecisão Que na minha inquietação com a sua perfeição Sofri e chorei ao ter a certeza Que nunca conheceria os teus defeitos Me alivia saber que algum dia Vou me lembrar sereno e sorrindo Do segredo mais bonito que guardei