De saudades fala a gente Tantas vezes sem razão Saudades só quem as sente É que sabe o que elas são Cada noite aqui te vejo Junto da minha janela Somos o vento e a vela De um barco que não desejo Trazes mentiras e um beijo Na boca de quem não sente Não me iludo por quem mente Digo eu, prós meus botões E a fugir das ilusões De saudades fala a gente Hoje Sol, ontem luar Ora luz, ora Sol posto És como as tardes de agosto Vão e vêm devagar E eu acabo por esperar Entre nós e a solidão Não há tempo nem razão Quando às tuas mãos perdida Esqueço as horas e a vida Tantas vezes sem razão Fica o silêncio profundo Das horas em que não estás Mas tu chegando, és capaz De me levar num segundo Tendo-te, amor, por meu mundo Tenho o mundo à minha frente Falam da vida da gente E a quem ouve são verdades Só não falem de saudades Saudades, só quem as sente Depois de tanto esperar Entre sinais e segredos Malfeito fora se os medos Não ocupassem lugar E ainda que o teu olhar Siga as pedrinhas do chão Eu dei-te o meu coração E aqui me tens p’lo que for Só quem tem penas d’amor É que sabe o que elas são