Essa gente andando descalça Destino o asfalto dos sonhos de chão De barriga colada ao espinhaço Derrubando mato plantado feijão. O sol vigiando o trabalho Sussurra do alto seu forte clarão Fazendo riacho escorrer pela pele Regando de vida o chão. Desde moleque franzino Vejo toda essa dureza Homem, mulher e menino Sonhando com as correntezas Das terras que não são suas Chão repleto de incerteza. (Um dia, um tiro grita do alto) Mulher e menino chorando... ...O sangue escorrendo na serra Manchando o alegre riacho Com sonhos de pão e de terra Um homem caído no mato. Hoje eu velho franzino No rádio jornal acompanho A historia de um homem lutando Na pele daquele menino Gritando as dores do povo Pelo chão que o divino nos deu E aos poucos por poucos tomado Num roubo cruel e ateu Cada dia é uma nova tomada Dessa vida felina e cruel, Se morre um homem cresce um menino Colhendo sonhos de chão e de céu