Samba-Enredo

Salgueiro - Samba-Enredo 1964

Samba-Enredo


Salgueiro - Samba-Enredo 1964 
Geraldo Babão, Djalma Sabiá e Binha  
CHICO REI

Vivia no litoral africano
Um régia tribo ordeira 
Cujo rei era símbolo 
De uma terra laboriosa e hospitaleira. 
Um dia, essa tranqüilidade sucumbiu 
Quando os portugueses invadiram, 
Capturando homens 
Para fazê-los escravos no Brasil. 
Na viagem agonizante, 
Houve gritos alucinantes, 
Lamentos de dor 
Ô-ô-ô-ô, adeus, Baobá, 
Ô-ô-ô-ô-ô, adeus, meu Bengo, eu já vou. 
Ao longe Ninas jamais ouvia, 
Quando o rei, mais confiante, 
Jurou a sua gente que um dia os libertaria. 
Chegando ao Rio de Janeiro, 
No mercado de escravos 
Um rico fidalgo os comprou, 
Para Vila Rica os levou. 
A idéia do rei foi genial, 
Esconder o pó do ouro entre os cabelos, 
Assim fez seu pessoal. 
Todas as noites quando das minas regressavam 
Iam à igreja e suas cabeças lavavam, 
Era o ouro depositado na pia 
E guardado em outro ligar de garantia 
Até completar a importância 
Para comprar suas alforrias. 
Foram libertos cada um por sua vez 
E assim foi que o rei, 
Sob o sol da liberdade, trabalhou 
E um pouco de terra ele comprou, 
Descobrindo ouro enriqueceu. 
Escolheu o nome de Francisco, 
Ao catolicismo se converteu, 
No ponto mais alto da cidade Chico-Rei 
Com seu espírito de luz 
Mandou construir uma igreja 
E a denominou 
Santa Efigênia do Alto da Cruz!