Pirajurú pode ser seu nome Só sei que ele como tudo que lhe dá A terra fértil que não tinha dono E eu já tó com sono, mas vou lho contar Ele era um indiozinho sertanejo E quando eu lhe vejo no meu pensamento Fico zangado, choro e sinto nojo Tanto sofrimento que passou seu povo De manhã cedo ele era criança Mas depois da dança do jenipapeiro Virava moça de cabelos longos E ao mexer com os ombros tinha seus segredos Me disse um dia seu chefe guerreiro Que nos dias santos e nos feriados A dança era feita na beira do rio Pois virava um peixe chamado dourado Assim cansado da monotonia Todo santo dia a mesma missão Virou-se para o chefe feiticeiro Vou partir mais deixo aqui meu coração Encorujado cochilou num canto Perdendo os encantos dentro do borralho Das cinzas quentes da fogueira à frente Que apagou com o vento forte de espantalho No outro dia acordou doente Sem querer ver gente quis ficar sozinho E conversando com um Caga-cebo Disse não ter medo de ser passarinho Misteriosamente ele sumira E se for mentira mereço um castigo Pois todos sabem que ele vai voltar Depois do dilúvio pra salvar sua tribo