Eu outro dia numa estradinha de terra No meu carrinho sozinho me pus a conversar Olho no espelho e vi poeira lá na serra Pensei que fosse uma boiada a caminhar Parei na bica de águas claras e cristalinas E constatei que aquilo não era verdade Pensei bastante, comecei a comparar Daí surgiu esta triste realidade Cada pedágio eu vi um pouso de boiada E cada posto eu comparei com um bebedouro O meu cavalo era o meu carrinho de aço A minha história era o meu acelerador E no meu câmbio a tala do meu chicote E nos pneus a comitiva a caminhar E na buzina um berrante repicando Ouvindo o rádio uma canção a tocar Uma canção que não falava de boiada E nem tão pouco das coisas belas do meu sertão Chorei baixinho lá na beira da estrada Me perguntei por que tanta judiação Tocou até uma canção italiana E o meu sertão ficou ali ao Deus dará Desliguei tudo e revoltado fui embora Aí eu fiz esta canção pra mim cantar Por isso hoje quando escuto um berranteiro Tocar berrante mesmo na televisão Eu me recordo dos meus tempos de carreiro Quando eu morava na fazenda São Simão Saudades loucas da caboclinha querida E da boiada caminhando pela estrada Volta Segredo, Cravo Branco e Guaxupé Neste momento os pensamentos se cruzavam