Não é fácil estar aqui Não é simplificada a experiência de Utilizar, ocupar e exercer este corpo Um corpo algemado de desejo e Feito por autogestão Porém indigesto (Não pra mim) Um corpo que fala por si só Mas que por muitos motivos Nos quais tento esquecer Não acontece, e Tem a sua trajetória Emudecida, apagada, destruída No sentido mais cruel (Só serve pra estimação Quando serve) Um corpo sem valor, que No auge da solidão Constroi-se em castelo para Arquitetar seus desejos e projeções Já que não tem humanidade Imuniza-se de si Agora, daqui de cima, abrigada Atrás das cortinas de minhas janelas Contemplo à vista com calma Vejo a vida escorrer pelos os meus Olhos marejados de enjoo Analiso tudo, minuciosamente Invocando à Deus por livre-arbítrio Deus em mim Eus em mim Eu e mim Mim e eu Eu sou Deus Deize eu sou Eu-me aqui Eis me aqui O meu corpo não se resume Apenas em ser só mais um corpo Como qualquer outro Ele que ora é ela, este corpo É o meu esconderijo e também É a minha maior prisão O meu corpo é um presídio Passo noites em claro, tardes em escuro Meus dias assim Pensando em como seria sobreviver Sem amarras, sem nós Sem costuras e tampões E acordo, ora sonho Criando e criticando pra mim O mesmo questionamento cotidiano Até onde esse corpo vai? O que mais aguenta? Calculo compulsivamente O dia em que será liberto Lamentando todos os tempos Dos meus repousos, quando Esta corpa drama será alforriada Das expectativas que nunca Fiz questão de ser acessíveis Mas sigo angustiada Bonita, adoecida e jovem Y joven and young