Certo dia houve uma noite De total e profunda escuridão Numa gruta da floresta O pavor tinha um som de berimbau Joelson tocava Tremia e não calava Chamando a morte pro seu chão Xamã de seu próprio medo Só sabia que tinha que viver Se o combate era o segredo Mataria esse medo de morrer A lua fugida Levou a luz da vida Capoeira na escuridão Só um olho clareava No estalo da pedra com o facão E o negro soluçava Enfrentando o escuro do clarão O corte no dedo Levou embora o medo Tornando toda noite azul Certo dia houve uma noite De total e profunda escuridão Eu preciso de pessoas animadas E ânimo tem quem conhece, vence o medo Eu quero gente que cresça pra cima Uma altura suficiente pra pegar os raios Porque não basta que eles já não caiam nas cabeças E nem mais interessa desviar as tempestades Vou fazer o vento trabalhar pra mim Vou falar aos sonolentos com relâmpagos, trovões Agora terei raios necessários pra fazer: Toda orelha escutar Todos os olhos ( 2x )