Quando eu me pego A relembrar minha terra Lá vou eu, subindo a serra Como é bom voltar pra lá De manhã cedo Antes do raiar do dia Escutar a sinfonia Da floresta, ao despertar Como é bonito Amanhecer naquelas matas E à beira da cascata Ver subir a cerração Raios de Sol Rasgando espaços na neblina Ouro que vem lá de cima Se espalha no meu sertão Lá no sertão Aonde eu me criei Cada caboclo Pode ser um rei Lá no sertão Aonde eu me criei Se vai continuar assim Não sei A passarada Faz alegre o seu gorgeio E um doce devaneio Chego até me transformar Um pouco dono Desse mundo cor de rosa Que me põe em verso e prosa Com coragem pra falar A fauna e flora Licidão em harmonia Onde a vida principia Em cada ninho em cada flor Dada a semente Que no chão, grota se sente E ali se faz presente Sempre a mão do Criador Lá no sertão Aonde eu me criei Cada caboclo Pode ser um rei Lá no sertão Aonde eu me criei Se vai continuar assim Não sei Quando eu me lembro Entre seus computadores Arquitetos, sonhadores Pela simples profissão Vão construindo Em multicionais projetos Seus reinados de concreto Em cima da devastação Que os nossos índios Já não donos da terra Seringais, campos de guerra Interesses comerciais Eu me pergunto Aonde o homem do futuro Vai buscar esse ar tão puro Das reservas florestais Lá no sertão Aonde eu me criei Cada caboclo Pode ser um rei Lá no sertão Aonde eu me criei Se vai continuar assim Não sei