Lá fora está chovendo sem parar, anúncios de um produto super novo eu tento a grande chance de um lugar na ponta do letreiro luminoso A máscara do medo está pregada, na cara dos atores principais A peça foi montada, censurada, cortada, criticada e tudo o mais Há prego nas cadeiras do teatro e fogo nas cortinas levantadas eu grito, me rebolo, me debato, o público sorri mas não diz nada O público precisa de palhaços, de mágicos, de truques engraçados De sexo pancadas e balaços e não de um pobre ator angustiado Eu tomo comprimidos de agonia no palco atapetado do cinema Percebo que a platéia está vazia e deixo a mosca azul roubar a cena Depois bebo o veneno da revolta e visto de mulher maravilhosa Preparem se a boneca está de volta tirana, deslumbrada, melindrosa O público enlouquece ruge e grita, de inveja, medo ou raiva, de paixão O pano verde desce sobre a fita, salvou-se o vil metal da produção