Toda vez que eu viajava pela Estrada de Ouro Fino de longe eu avistava a figura de um menino que corria abria a porteira e depois vinha me pedindo: - Toque o berrante seu moço que é pra eu ficar ouvindo. Quando a boiada passava e a poeira ia baixando, eu jogava uma moeda e ele saía pulando: - Obrigado boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando pra aquele sertão à fora meu berrante ia tocando. Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem quando passo na porteira até vejo a sua imagem O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem. A cruzinha no estradão do pensamento não sai Eu já fiz um juramento que não esqueço jamais Nem que o meu gado estoure, e eu precise ir atrás Neste pedaço de chão berrante eu não toco mais. Deus me deu a chance de andar pelo mundo De voar bem alto, mergulhar bem fundo Já domei leão, já brinquei na neve China e Japão eu disse até breve Esse é meu país sem comparação Já tem o formato do coração Todo canto é lindo pra mim tanto faz Quando eu quero mais Eu vou pra goiás Rasguei o amazonas para o litoral, Me benzi nas ondas de areia e sal Abracei cantando de São Paulo ao sul Já chorei em Minas na Montanha Azul Esse é meu país sem comparação Já tem o formato do coração Todo canto é lindo pra mim tanto faz Quando eu quero mais Eu vou pra goiás