Fui criança, fui saudade Tive um berço, tive amor Desfrutei a tenra idade De um menino sonhador Mas o destino malvado Veio me ferir sem dó Perdi tudo o que é sagrado Fiquei no mundo tão só Nuvem negra enfurecida Vi sobre mim desabar E contra a maré da vida Eu tive que navegar Me apoiei no vento forte Sem ter onde segurar Com as muletas da sorte Eu saí a caminhar É uma longa caminhada Do lugar de onde eu vim E não sei se essa estrada Está no meio ou no fim O meu livro é de areia Por isso não editei Quem quiser que pare e leia Sobre os rastros que pisei Talvez seja um lamento Um passado a esquecer Porque a chuva, o pó e o vento Apagou pra ninguém ler Mas alguém um dia enfim Quando eu já na eternidade Talvez se lembre de mim Com um pouquinho de saudade