Um boiadeiro de porte franzino Num hotel granfino sozinho ele entrou Batendo a poeira do chapéu surrado Com modo educado ao gerente falou Por favor eu quero um quarto ajeitado E bem sossegado, com muito espaço Amanhã bem cedo agente proseia A viagem foi feia, estou um bagaço O gerente disse com jeito selvagem Só dou hospedagem pra gente decente Saia vazado e pegue seu trilho Jamais andarilho será meu cliente Talvez um albergue noturno o aceite Ou então se ajeite em alguma cocheira Porque meu hotel não aceita bagulho Por ser o orgulho da classe hoteleira Para o boiadeiro isso não foi derrota Do cano da bota tirou um papel Dizendo ao gerente é meu comprovante Que não sou andante, sou o dono do hotel Comprei com o prédio do seu ex-patrão Mas minha paixão é lidar na invernada E todo o dinheiro desse investimento É só o pagamento de uma boiada Na hora o gerente assumiu sua culpa Eu peço desculpas por tudo que fiz Disse o boiadeiro está dispensado É mau educado e não sabe o que diz Se quiser emprego e aguentar o malho Eu tenho trabalho de lida diária No lugar do burro que puxa a moenda Da grande fazenda do rei da pecuária