Ah! Pois entonce eu lhe conto A história que ouvi contá Pro que razão nasce roxa A flô do maracujá Maracujá já foi branco Eu posso inté lhe jurá Mais branco do que a quaiada Mais branco do que o luá Quando as flô brotava nele Lá pros confim do sertão Maracujá parecia Um ninho de argodão Mas um dia, há muito tempo Num mês que inté não me alembro Se foi maio, se foi junho Se foi janeiro ou dezembro Nosso sinhô Jesus Cristo Foi condenado a morrê Numa cruiz crucificado Longe daqui como o quê E havia junta da cruiz Aos pé de Nosso Sinhô Um pé de maracujá Carregadinho de flô Pregaro Cristo a martelo E ao vê tamanha crueza A natureza inteirinha Pois-se a chorá de tristeza Chorava o vento, os campo Chorava as foia, as ribeira Sabiá também chorava Nos gaio da laranjeira E o sangue de Jesus Cristo Sangue pisado de dô No pé do maracujá Tingia todas as flô E foi por isso, seu moço Que as flozinha aos pés da cruiz Ficaro roxa tamém Como o sangue de Jesus