Se seu pudesse esquecê Aquela noite de são João Era bem bão, mais quá Não vê? Era a moça mais bunita Com seu vestido de chita Tudo enfeitado de fita Nessa noite do sertão Num vorteado, sapateado Foi que nóis se conhecêmo Nossos zóio se encontraram Nossos zóio se gostaro E nóis tamém se gostemo No gemê da viola Essa dô que nos consola Eu fiz a declaração E como quem pede ismola Os meus zóio mendigava Um oiá dos zóio seu E quando a ismola chegou Chê, meu Deus! Eu não sei o que senti Não sei memo, pra que menti? Eu não sei como foi aquilo Senti um nó nos gragomilo Uma vontade de chorá Mas quá, tudo cansa Os meus zóio se orvaiô E uma lágrima rolô Pro morde eu tê esperança Um ano mais se passô Quando foi noutro são João Era a noiva mais bunita Com seu vestido de chita Tudo enfeitado de fita Que pisô na povoação E quando saímo da igreja Tudo mundo tinha inveja Da nossa felicidade Eu tava tão sastifeito, tão sastifeito Parecia que o meu peito Queria se arrebentá Eu inté nem sei explicá Eu não sei como foi aquilo Senti um nó nos gragomilo Uma vontade de chorá, mas quá Quem diz, os meus zóio se orvaiô E outra lágrima rolô Pro morde eu sê tão feliz Mas quando foi noutro são João Quatro vela ainda acesa lá na mesa Alumiava o seu caixão Inda tava mais bunita Com seu vestido de chita Tudo enfeitado de fita E um ramo de flô na mão Quando foi pra dispedi Eu num queria que ela fosse ansim Se se adespedi de mim Garrei na cabeça dela E como um lôco beijei Beijei sua face amarela Na hora que ela partiu Eu já nem sabia mais chorá Porque o resto das minha lágrima Eu dei pra ela levá Agora, às veiz de tardinha Eu garro de cismá, de cismá E de repente sem querê, não sei pruquê Me dá vontade de chorá Mas quá, quem há de O meu oios se secô Na dô dessa sôdade