Com os meus cabelos loiros Eu queria ser atriz. Aprendi tocar piano, A falar grego e latim. Quando eu vi na minha frente Um cabelo pixaim, Eu gritei cheia de susto: Preto, Negro, Criolo Preto, Negro, Criolo. Era a parte que me falta Nessa cor de biscuí. E a imagem sempre vinha Negra, negra, negra sim. Era um mar de coxas negras Todas elas sobre mim E mesmo assim ainda te chamo: Preto, Negro, Criolo Preto, Negro, Criolo. Uma na frente me comia, O outro atrás fazia bis. Um por baixo punha a língua, O outro em cima tão feliz. E os meus versos se faziam No encontro sombra e luz. E é por isso que eu repito: Preto, Negro, Criolo Preto, Negro, Criolo. Explodi o meu piano, Esqueci grego e latim. Hoje eu vivo na alegria, Só podia ser assim. E eu convido os meus ouvintes, Cada um prensando em si, A gritar todos comigo: Preto, Negro, Criolo, Preto, Negro, Criolo.