Pra não esquecer Brasil 1625 Olha o Negro recém-chegado é Magote novo Macho e fêmea em perfeito estado e conservação Vinte mil reis o são, sete mil e quinhentos os estropiados Olha o escravo angolano purinho É magote novo, macho e fêmea cantador Se desagradava o branco: Tronco Pescoço, pés e mãos Amarrados entre dois pedaços de madeira retangular Se a ofensa requeria castigo mais prolongado Cepo: Longo toro de madeira que o negro Deveria carregar na cabeça, preso por uma corrente ao tornozelo Se fugisse, Libambo Argola de ferro que rodeava o pescoço do negro Com uma haste terminada por um chocalho Ou então a gargalheira, ou golilha Sistema de correntes de ferro Que impedia os movimentos Se furtasse: Prendiam-lhe na cara Uma máscara de folhas de flanders Fechado no occipital por cadeados E penduravam lhe nas costas Uma placa de ferro com os seguintes dizeres Ladrão, fujão Brasil, 2015 Um carro com cinco jovens pretos, desarmados É alvejado por cento e onze tiros no Rio de Janeiro Todas as balas partiram de armas da polícia militar Ah, Brasil Um país onde pouca coisa mudou!