Esqueça onde e quando você nasceu, o quanto já viveu Não se lembre de seu nome, sobrenome e de sua suposta cor Tire o seu cigarro, suas roupas pretas, o quanto você tem ou não de fé ¿Quem você é? Esqueça o que você já fez pela empresa esperando o reconhecimento e o aumento que não veio Pare de deixar de reparar as poucas coisas em sua vida que realmente melhoraram Ignore como ganha a vida, como perde a vida, como vive mesmo com pouca opção Ignore a sua profissão Esqueça sua visão sobre o congresso e sua noção de progresso Reconsidere o que você acha sobre quem você acha que tem menos que você (¿Menos o quê?) Tire da sua frente o seu cartão, sua paixão por carros, seu fascínio pela moda ¿O que é que te sobra? Esqueça um pouco o que você gosta de comer e o que queria pro jantar O prato que pediu para o garçom e que cansou de esperar Tire o clichê de propaganda do torcedor bebedor de cerveja xenófobo, machista e que nem sabe que é ¿Quem você é? Esqueça o quanto a vida fez sofrer, o que deixou de dizer O que deveria ter acontecido e não se fez, o que não se fez, o mal que se fez O que foi pesado de se aguentar, a amargura que te abraçou ¿O que é que ficou? Ignore a religião, convicção, a tradição da contravenção, respostas prontas Pense um pouco em tudo o que você não sabe e que não caberia em sua opinião Esqueça seu país, seus pais, amigos, filhos, parentes, toda gente que você gostaria de rever Esqueça agora quem você ama e se pergunte, mesmo que demore a responder ¿Como você ama? ¿Como você se estende? ¿Como os outros se sentem? ¿Quem você é? Agora volte quase tudo pro seu devido lugar