Santo de casa Diz que nunca faz milagre E que todo mundo sabe Não é nova a afirmação Não abro mão De cantar bem do meu jeito Pois também tenho o direito De falar do meu rincão Que me desculpem Os paisanos da fronteira Da Campanha à Cordilheira Das Missões ao Litoral Não levem a mal Meu sotaque é diferente Traz o timbre da minha gente Lá da depressão central Venho da terra Do varzedo e da aguada Sesmaria amarelada No cacho do arrozal Do manancial De poema em branco velo Desde Ramiro Barcellos O Amaro Juvenal Todos cantam seus amores Pondo a mão no coração Chora a gaita no terreiro Geme o pinho no galpão Venho do berço D’onde veio Honório Lemos Um taura que conhecemos Por Leão do Caverá Que foi pelear Entreveros desparelhos Cria do Barro Vermelho Logo ali do Geribá Trago meu canto Pra remissão dos pecados E esses versos devotados Que faz tempo fiz sem pressa Pago promessa Pois meu sonho abriu as asas Creio nos Santos da casa A bênção, Santa Josefa!