Escrevi este poema no último dia Depois disso não nos vimos mais A princípio trocamos telefonemas Em que você sempre parecia estar prestar a perder o trem Enquanto eu parecia sempre ter acabado de perdê-lo Escrevi este poema depois do primeiro telefonema Nele você falava sobre vistos e repartições E sobre como, para se conseguir um documento Sempre era necessário um outro, que, no entanto Só se pode obter de posse daquele Eu falava das noites perdidas na companhia de alguém que nunca era você Depois, aos poucos, você deixou de ligar Escrevi este poema no segundo domingo Em que, de novo, você não telefonou Ao redor do poema Como em volta de um acidente Juntou-se muita gente parar ver o que era