Rodolfo Abrantes

Horário Nobre

Rodolfo Abrantes


Horário nobre
É a hora de levantar
Dessa cadeira
Elétrica virtual
Não quer acordar
Entrei ao vivo
Agora eu tô no ar
Cultura pobre
Você foi pago
Pra não reclamar
E morre devagar
Nessa vida normal
Seguindo à risca
O manual do enlatado
Você não vai nem acreditar
Quem vive dentro dessa caixa
Sem moral
Sua vontade é um comercial
Necessidade artificial
Como uma sombra
É só um vulto
Sem identidade
Irrita de verdade
Essa inércia
Vive conforme a programação
Quase não pensa
Não tem visão
É mais um escravo da televisão
Você não vai acreditar
Quem vive dentro dessa caixa
(Não vê) onde você for ele vai contigo
(Não vê) te tem na palma da mão
(Não vê) mesmo vilão do filme antigo
donos dos meios de manipulação
(Não vê) como a traça come o vestido
(Não vê) devorador de plantão
(Não vê) vai pagar o preço se der ouvidos
Ao que rasteja no chão
Desespero
Mudou a moda
Muda a vida toda
E cada estação
Você quer ver primeiro
Segue o ritmo
Mas não ouve a batida
Do seu coração
É tão manobrável
Boneco inflável
Sem o menor sinal de reação
Programado para dar errado
Se já vem com defeito de fabricação
Vivendo a mentira perfeita
Entrou nova propaganda
É nova opinião
Engole seco e aceita
Encolhe o personagem certo
Pra cada ocasião
O marginal, o homem de bem
Não engana ninguém
Idolatria não me contagia
Eu já sofri por ela
Agora eu vivo sem
(Não vê) onde você for ele vai contigo
(Não vê) te tem na palma da mão
(Não vê) mesmo vilão do filme antigo
Donos dos meus meios de manipulação
(Não vê) como a traça come o vestido
(Não vê) devorador de plantão
(Não vê) vai pagar o preço se der ouvidos
Ao que rasteja no chão