Tô na lona sem trocado Tô mais duro que cimento armado E o meu salário é porcaria Não dá nem para um pirulito por dia A minha cama é a rua E o meu abajur é a Lua Devo ao padeiro a metade Do que eu devo ao eletricista E o triplo desta soma o açougueiro Já tem na minha lista E o imposto de renda Só aceita pagamento a vista Me dê dois filhos? Já tenho E próle grande assim ninguém tem Desconfio que nessa grande obra Tá me ajudando alguém Estive um de cana E o trigésimo terceiro já vem Tenho uma boa saúde Não contando umas bobagenzinhas Como asma, erisipelas E um desviozinho na espinha Não como carne a um mês De vitamina tenho escassez Pois é meu companheiro Sem saúde e sem ter dinheiro Com mais filhos Que os fios do bigode de Dom Pedro I Ainda canto meus problemas Não há duvida, eu sou brasileiro