O espelho se divertia Já desprovido de luz... Retalhos de fantasias De algum momento qualquer... Um velho contando as rugas Sentindo o peso da cruz... A estranha filosofia Dos olhos de uma mulher. O espelho estava no escuro Sem cores pra refletir... Mas tinha mais do que aço E vidro em sua moldura; O espelho somava sonhos Pois aprendeu a sentir... Morria e ressuscitava Sonhando da sala escura. A sala tinha segredos E estavam tão bem guardados... Gravados fundo no espelho Também sonhavam no escuro; O espelho era um portal Onde as visões do passado Sentindo além do seu tempo Vinham ganhar o futuro! O espelho amava escuro Um amor reflexão... Entre o insano e o impuro Zombava de qualquer um. Mas bem no fundo queria Mil luzes na escuridão E assim querendo, o espelho Nutria um sonho comum. O espelho preso no escuro Trazia mais que miragens... Transpassando tantos muros, Da escuridão tão vazia. O espelho ria baixinho, Criando mundos e imagens, Pois tinha um sonho em seu aço Que se chamava poesia!