Parceira de todos os dias Irmã gêmea que o sol me deu Parte abstrata de mim Refletida na cor do breu No chão me copia sem face Na água me imita o semblante Sol a pino fico pequeno Sol baixo me torno um gigante Por vezes é o meu sinuelo Em outras guarda meus passos Às vezes caminha ao meu lado Junto ao pé e longe do braço Se guitarreio sente inveja E debochada me provoca Na sua guitarra sem voz Arremeda e também toca No galpão reflete na quincha No braseiro parece crescer Se mateio comunga do mate Se proseio parece entender Parece que a sombra tem vida E por a gente sente carinho Enciumada desaparece Se noutra sombra me aninho Por isso canto pras sombras Talvez nem assombre ao cantar Mas o meu canto tem sombras Que parecem me sussurrar