Talvez meu canto se perca Sem encontrar seu destino Mas meu viver peregrino Não vai se perder jamais Caminha melhor quem traz Nas próprias mãos o sustento E tem no seu firmamento Tão só uma estrela a guiar Quem sabe aonde quer chegar Não muda conforme o vento Desde a vertente que ando nos rastros da mesma trilha E trago a herança andarilha de tempos já imemoriais No cem de mil ancestrais templei meu jeito ao nascer E assumo esse proceder, com a minha identidade Quem canta com liberdade, jamais escravo há de ser Deixei meu sangue na pampa em guerras quase esquecidas E já morri muitas vidas para renascer sempre novo Forjei a estampa de um povo que tem coragem de sobra Que crê na divina obra, mas não se atem a imagens A minha altiva linhagem morre de pé e não se dobra Revivo tempo e caminho, nesse andejar quase eterno Trago pulsando no cerno centos de avós combatentes Sou memória de uma gente que sabe do meu apreço E quem assim ofereço o meu viver de cantor Há coisas que tem valor, e outras que só tem preço Sou parte viva da história que avança junto comigo Assumo sempre o que digo, as faço mais do que falo Entre patrões não me calo, e entre peões sou mais um Respeito o saber comum de quem aprendeu sozinho Quem segue vários caminhos, não segue caminho algum