Roberto Luçardo

Borralhos do tempo

Roberto Luçardo


Foi num domingo, eu me lembro
Que senti raiva da vida
A mocidade perdida 
Nos corredores do vento
Apenas dor e lamento
Apenas dor e lamento
Tempo e mais tempo perdido

Por muitos anos a fio
Cabrestiou-me a ilusão
Fui ficando qual xergão
Nas varas do tempo ido
Caroneado, basteriado 
O lombo todo esfolado
E os pelos em arrepios 

Cheiro a suor de cavalo
Cheiro a pasto e chão molhado
Cheiro a sorriso emprestado
"Pero se hay" que paga-lo 
Mais vale cada trocado
De um tempo que hoje é finado
E eu tento ressuscitá-lo 

No tempo ficou a história
Algum tição galponeiro
Saudades de algum parceiro
Pingos de amor na memória
O resto é conta relambória 
Vai-se o tempo caborteiro

Cheiro a suor de cavalo
Cheiro a pasto e chão molhado
Cheiro a sorriso emprestado
"Pero se hay" que paga-lo 
Mais vale cada trocado
De um tempo que hoje é finado
E eu tento ressuscitá-lo