Ainda é cedo, amor Me faz um dengo antes de ir pro teu sertão Me acaricia feito chuva Quando desliza pelo chão Vem cá, chamego Teu beijo doce me arrebenta o coração E não demore, amor Meu tempo é hoje, eu tô de mal com a solidão Se demorar me mande avisos Por aves de arribação Que o meu desejo Não pede arrego enquanto escorro entre tuas mãos Não sei se carece dizer O que dá pra ver sem mesmo olhar Ou aliviar o que é arder feito calor E sem saber dizer nem compreender os lábios Hão de endoidecer, se alvoroçar, ensandecer Teu corpo faz supor Que meu desejo é candidato à devoção E do teu cheiro eu faço abrigo No território da paixão Vem, que eu latejo Como o lampejo que antecede a criação Mas eu te espero, amor Porque a saudade é feito pele em comichão E o nosso amor é como escrita De frases num mata-borrão Versão dos erros Que cometemos pra entender a perfeição Não sei se carece dizer O que dá pra ver sem mesmo olhar Ou aliviar o que é arder feito calor E sem saber dizer nem compreender os lábios Hão de endoidecer, se alvoroçar, ensandecer