Os alambrados que eu faço No ofício de alambrador Andam fechando potreiros As custas do meu suor Cercas de arame estirado Em quadras de campo aberto Demarcando as divisas Prendendo um sonho liberto Com porteiras que remato Num contra mestre cravado Libertando a melodia Prendendo a ponta de gado E as retrancas de um canto Tem encantos pra canção Nas notas que eu alambro Quando abraço o violão São seis cordas afinadas Sete fios no alambrado Um se solta em cantigas O outro deixa encerrado E de estância em estância O campo muda a feição Alambrando meu destino Dou asas pra emoção Os alambrados não cercam O peito de um cantador Pois não existem tapumes Pra o canto de um sonhador.