Ricardo Fino

Para Cá do Inferno

Ricardo Fino


Em cada sombra que toco
A cada espiral de amargura
Quase sufoco
Na saudade tão dura
Frágil presa da loucura

Todos os gritos que nego
Todo o escuro em que cego
Medo cúmplice e terno
Traz-me em sossego
Para cá do inferno

A cada curva de espanto
Em cada memória que moro
Sinto-me tanto
Que me devoro
Lavo feridas quando choro

Toda a espera que espreita
Todo o mar que a voz deita
Trazem consigo um castigo
Esta vida imperfeita
Que de mim faz inimigo