Ouço as engrenagens do silêncio Dentro da noite veloz E o meu silêncio se enche de planícies africanas Varridas pelo vento, que atravessa minhas janelas E traz as vozes e uma interminável esperança As crianças entoam dialetos e kalimbas E continuam desafiando as leis da desunião Numa pipa gigante Deus recebe milhares De cartas do distante Japão E quando algumas voam e pousam Num mundo ainda adormecido Os anjos sonolentos as recolhem E os arcos que se armam em todas as fronteiras Misturam raças, línguas, religiões e as fazem sorrir E o meu silêncio se enche de quintais sul-americanos Bolas de gude asiáticas, balões oceânicos Bonecas caribenhas, esconde-esconde europeus Pula selas norte-americanos E as crianças todas juntas Tirando os monstros de nossos sonhos