Uma parelha de potros Assustada na mangueira Segue o seu trote sestroso Sem encontrar a porteira! Rodeiam homens pacientes Que mostram o campo aberto Mas um conselho não basta Pra quem não tem rumo certo Levantam nuvens do chão Que vão de encontro ao olhar (Têm coisas que até parecem Ter hora certa e lugar!) Terra nos olhos! Percebe Que tanta poeira subia Se misturando com água Que uma lágrima prendia! Misto de poeira e de água -Solo fértil pra o plantio- Mais um punhado de cenas De tudo o que já se viu Foi se formando a imagem Além do que a ideia encerra Por isso o homem do campo Vive das coisas da terra Quando esses dois elementos Buscam um olhar discreto Têm nalgum homem campeiro Seu oleiro analfabeto! As pupilas e as retinas São ferramentas, são lar De algum instante que é brusco Fazendo lacrimejar! Assim nasceu a poesia Dentro do olhar da peonada Cada um com sua palavra Torta, solita ou rimada E foram versos bonitos Que cada um fez pra si Dentro da terra dos olhos Verdeja os campos daqui! Quem sabe foi a lembrança Que inundou um olhar Quem sabe se foi o trote Que fez a terra ser ar Só sei que os potros cruzaram Deixando pela mangueira A inspiração pra os olhares Feitos de lágrima e poeira