Aqui as sombras mateiam Quando o Sol cruza a janela Arrastando luzes claras Pintando o chão numa tela Tremeluzindo as imagens Qual chama escassa de vela! Aqui as sombras mateiam Quando o Sol, lá pelas nove Sem nem nos pedir licença Qualquer contorno demove E inventa seus fantasmas Quando lá fora não chove Aqui as sombras mateiam De chapéu e nazarenas E os senhores dos galpões Gente de almas serenas Lhe emprestam silhuetas Pra desenhar estas cenas Lhe emprestam silhuetas Pra desenhar estas cenas Aqui as sombras mateiam Junto ao silêncio que habita As rodas grandes de mate Por onde a cuia transita Espantando a escuridão Que, às vezes, nos faz visita Aqui as sombras mateiam Quando o fogo em labaredas Vai espantando a penumbra Embora a noite conceda E faz dançar, nas paredes A sombra leve das sedas Aqui as sombras mateiam Em gestos breves e lentos São eternas condenadas À lucidez de um momento Compondo a luz ao avesso Copiando seus movimentos Compondo a luz ao avesso Copiando seus movimentos