Em razão da desobediência de Adão todos ficaram sujeitos ao pecado. Não somos pecadores porque pecamos, mas pecamos porque somos pecadores. O pecado é uma lei que opera nos nossos membros e que nos leva para longe de Deus. Nossa natureza decaída foge da presença do Senhor e não deseja se submeter ao seu senhorio. Assim, até mesmo para nos arrependermos necessitamos da graça de Deus operando em nossos corações, porque se arrepender é basicamente nos voltarmos para Deus buscando conhecê-Lo e a Sua vontade. Desta forma, nenhum pecador teria amado a Deus se não fosse primeiro amado por ele. Ninguém buscaria lhe entregar o coração se não fosse atraído por Ele. Ninguém poderia portanto ser reconciliado a ele, a não ser por meio de um ato de justificação da sua parte em relação ao pecador. A justificação, ou seja, o ato declarativo de Deus pelo qual somos salvos, por sermos perdoados e aceitos por ele como Seus filhos, não pode desta forma, significar que nos tornamos perfeitamente justos desde que tivemos um encontro pessoal com Cristo, pois que ainda permanecemos sujeitos à ação do pecado e nem se pode dizer de nós, enquanto neste mundo, que chegaremos à plenitude da perfeição das virtudes de Deus. Isto ocorrerá somente no porvir. Mas não se declara na Palavra que seremos justificados no porvir. A Bíblia afirma que já fomos justificados, quando cremos em Cristo. Então, a palavra justificação só pode se referir à nossa condição de termos sido reconciliados com Deus, por estarmos ligados a nosso Senhor Jesus Cristo, pela graça mediante a fé, e nada além disso. Não será portanto pelas boas obras que fizermos que seremos justificados para sermos salvos. Deste modo, quando o assunto se refere à nossa salvação, ou seja à nossa justificação, não nos concentremos nas boas obras, porque estas não podem nos salvar, mas somente na fé em Cristo, que foi o único modo designado por Deus para salvar os pecadores.