Renato Motha

Um Carro de Bois

Renato Motha


Quem me dera que a minha vida 
fosse um carro de bois 
Que vem a chiar, 
manhãzinha cedo, pela estrada, 
E que para de onde veio 
volta depois 
Quase à noitinha 
pela mesma estrada. 
Eu não tinha que ter esperanças 
- tinha só que ter rodas ... 
A minha velhice não tinha rugas 
nem cabelo branco... 
Quando eu já não servia, 
tiravam-me as rodas 
E eu ficava virado e partido 
no fundo de um barranco.