Um ruído velho Marca o tempo No relógio da estação O trem do destino Nessa via sem desvio Apitou Passa a indiferença A impaciência A reticência A tempestade O viaduto das almas O abismo A sorte Vai se esgueirando Pela trêmula paisagem Lenta e lenta a hora Turbulenta soa E logo se desfaz Lenta e lenta a morte Sonolenta Venta, e a vida se esvai Tudo tão inútil Tão divinamente fútil Tudo certo, escrito Preciso, previsto No curso Tudo tão absurdamente claro Num segundo... A terra é feita desse céu azul Onde a mentira não tem ninho Nunca ninguém está perdido aqui Tudo é verdade e caminho Se a morte é a curva da estrada Morrer é só não ser visto Se escuto, te ouço a passada Existir como eu existo