De uma quadrilha afamada A escolhi para o meu basto Fui domador de primeira E a baia seguiu meu rastro Parceira pra toda a lida Doce de boca, um estouro Égua de levar os piás E nos encontros pechar touro! Mas, troca de ponta a vida Porque ninguém manda nela E eu tive que ir pra o povo Levando minha baia estrela A cidade é diferente Da vida buena do campo Pois as luzes que faiscam Não são como pirilampos O mundo troca de ponta Quando o olhar menos espera É a vida ganhando estradas Ante ausências de tapera Por não ter poeira no asfalto Somos dois no mesmo passo Os olhos dos horizontes Têm duas viseiras de couro Encurtando a vista larga Da mi’a baia cor de ouro Também perdi os caminhos Que gravei na minha retina Pois o estreito das ruas Passou a ser nossa sina Agora tudo o que resta Pra minha baia companheira É o leva e traz dos biscates Em vez da lida campeira A ilusão de multicores É a dor que vibra na febre Antes um templo caiado Hoje o zinco de um casebre Quando em vez amarro a baia Em frente a um bolicho do povo Pra num trago largo Beber o destino novo E a carroça que ela puxa Hoje é só um castigo meu Nas costas dela um mundo Que nunca nos pertenceu