Tombo árvores, queimo índios Planto a dor na devastação Sou bicho-homem, meio anjo, meio cão Não são claros os presságios, Incerto é o meu coração. Essas manchas de queimadas Acinzentadas pelo chão Resto do que já foi flora, Rastro da destruição. A mão de Deus fez a sombra E eu faço a assombração Mato o rio, que mata a sede Pintassilgo e bem-te-vi não se vê mais Sou bicho-homem, meio guerra, meio paz Não são claros os presságios, Porque sou contumaz. Vertem galhos, folhas secas Tal qual lágrimas no chão E as feridas borboletas Cinzas na poluição A mão de Deus fez a luz E eu faço a ilusão Não me comovem as flores Sem pétalas E os jardins sem cores Não me comovem os rios, Seus peixes e os pescadores Não me comove a lua, O orvalho E as estrelas dos trovadores